BIOTÉCNICAS APLICADAS NA REPRODUÇÃO BOVINA

A primeira biotecnologia reprodutiva que se tem relatado é a Inseminação Artificial (IA), que consiste na deposição mecânica do sêmen no aparelho genital da fêmea por um profissional capacitado. Esta gerou consideráveis ganhos no melhoramento genético dos animais, redução do custo final da prenhez quando comparada à sistemas que utilizam somente monta natural, controle de doenças reprodutivas (o que comumente ocorre na monta natural), prevenção de acidentes (com a fêmea e funcionários), controle zootécnico real do rebanho e uso de reprodutores mesmo após a morte. Associado a esta técnica surgiram outras como: teste de progênie, sexagem e criopreservação de espermatozoides. Atualmente é a mais utilizada para a reprodução e multiplicação dos genótipos.
A segunda biotécnica reprodutiva de impacto favorável é a Transferência de Embriões com Múltipla Ovulação (MOET). O objetivo principal da múltipla ovulação é produzir um grande número de ovulações por estro e obter um número correspondente de embriões viáveis, que resultem em uma elevada taxa de gestação nas receptoras.
Esta técnica consiste em selecionar o animal que será a doadora, iniciar o protocolo de superovulação, e inseminar este animal (alguns técnicos optam por inseminar este animal de 2 à 3 vezes). Após sete dias realiza-se uma lavagem interna do útero para a coleta dos embriões (em média seis embriões), os mesmos são avaliados e posteriormente transferidos para as receptoras que foram sincronizadas para tal procedimento
A MOET é uma ferramenta importante no melhoramento genético do rebanho e otimiza a utilização dos gametas femininos, porém deve ser feito por profissional qualificado, com planejamento, e uma análise de custo, afim de avaliar a viabilidade e minimizar os riscos. A variação dos resultados da superovulação e o manejo dificultado são os principais fatores limitantes, e com isso atualmente esta técnica é pouco utilizada.
A Produção In Vitro de Embriões (PIVE) é considerada a terceira geração de biotecnologias aplicadas à reprodução dos animais. Para facilitar a coleta dos oócitos (gameta feminino) foi desenvolvida a técnica de Aspiração Folicular Guiada por Ultrassonografia (também conhecida como Ovum Pick-up – OPU), em que a grande vantagem da técnica é ser pouco invasiva, não depender de uma pré-estimulação hormonal, podendo ser usada em qualquer fase do ciclo estral, em fêmeas que ainda não entraram na puberdade e inclusive em animais que apresentem gestações iniciais.
Atualmente, tem se observado um crescimento anual na produção in vitro de embriões no Brasil e um declínio na utilização de embriões produzidos com múltipla ovulação, já que esta técnica não possibilita a produção de embriões em larga escala e em contrapartida, com o uso da PIVE, uma única doadora é possível produzir de 15 a 50 bezerros de alto valor genético em um ano! Sendo assim, a PIVE passou a ser a técnica de escolha para atender rebanhos comerciais.
E na quarta geração de biotécnicas estão incluídas a clonagem por transferência nuclear de células embrionárias ou somáticas, a transgenia e a biologia de células tronco. No setor produtivo a transferência nuclear pode ser aplicada para potencializar ainda mais os programas de melhoramento genético e regeneração de animais acidentados ou já mortos. Embora atualmente a adoção desta tecnologia é baixa devido ao alto valor comercial e a disponibilidade de profissionais capacitados, é possível que em um futuro próximo poderemos ver esta técnica sendo utilizada até em rebanhos comerciais.
FOTOS
INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL – 1ª biotecnologia
https://www.cnabrasil.org.br/assets/arquivos/132-INSEMINA%C3%87%C3%83O.pdf